Saiba mais sobre a história desse tradicional evento e o que foi feito para minimizar os prejuízos ambientais na Serra do Itapetinga
Além da riqueza natural, a Serra do Itapetinga, que abriga a Pedra Grande, foi (e continua sendo) cenário de diversas histórias de afeto para a população local. E parte delas está ligada à tradição do 1º de maio.
Embora muita gente já tenha subido até a Laje da Pedra Grande no Dia do Trabalhador, nem todos conhecem a origem desse evento que se tornou uma tradição diretamente ligada à história de Atibaia.
Continue lendo para conhecer a origem e os rumos tomados pela subida do 1º de maio ao longo das décadas!
Como tudo começou
No início do século XX, foi criada a Fábrica de Tecidos São João, que mais tarde recebeu o nome de Companhia Têxtil Brasileira (CTB). A empresa foi responsável pela geração de centenas de empregos em Atibaia, contribuindo para o nascimento de uma vida urbana na cidade que, até então, era predominantemente rural.
Além da fábrica, possuía uma grande fazenda na Serra do Itapetinga, de onde extraía madeira para abastecer as caldeiras usadas para diversos processos produtivos.

No feriado do 1º de maio, a CTB oferecia um churrasco na fazendo para os funcionários e seus familiares, que iam até o local caminhando.
Um grupo passou a aproveitar a ocasião para subir até a Pedra Grande e desfrutar do sol do outono. Ao longo do caminho, encontravam outras pessoas, e o grupo ia aumentando.
Com o passar dos anos, os funcionários começaram a convidar amigos e familiares para acompanhá-los nessa jornada, assistir ao nascer do sol e fazer piqueniques na Pedra Grande.

Até mesmo a comunidade católica passou a participar da tradição, com o padre celebrando missas campais no topo da Pedra Grande, acompanhado de um coral e seus fiéis. As missas não se mantiveram por muito tempo devido aos fortes ventos no topo da montanha, mas alguns registros sobreviveram ao tempo.
Prejuízos ambientais à Serra do Itapetinga gerados pelo mau uso
Conforme a cidade foi crescendo, a quantidade de pessoas subindo para a Pedra Grande no 1º de maio também aumentou. O que antes era uma atividade de lazer e contemplação passou a se tornar um problema, do ponto de vista ambiental, a partir dos anos 1990.
Isso porque milhares de pessoas começaram a subir a Pedra Grande para passar a noite, gerando diversos impactos negativos: descarte de lixo, incêndios florestais, destruição da vegetação, além de problemas de segurança pública. Só em 2006, com o apoio da Polícia Militar Ambiental, voluntários da SIMBiOSE apagaram mais de 50 fogueiras na laje.

Ainda na década de 1980, importantes movimentos em defesa da montanha começaram a surgir, sinal de que já haviam práticas em andamento gerando prejuízos a esse tão importante patrimônio, como as ameaças da expansão urbana e extração de granito.

Mas, no caso do 1º de maio, os impactos ligados à falta de ordenamento e consciência ambiental pelos visitantes é que começou a gerar preocupação naqueles que lutavam pela proteção da Serra do Itapetinga.

Atuação conjunta entre poder público e sociedade civil para reduzir danos à Serra do Itapetinga
Em 2007, diversas pastas do poder público municipal e sociedade civil se uniram para fazer um planejamento prévio para coletar dados do evento de 1º de maio. Mesmo com o frio da madrugada, mais de 4 mil pessoas subiram naquele ano.
Pela primeira vez, obteve-se conhecimento da quantidade de visitantes, cidade de origem, por qual via chegaram, entre outros dados. O relatório produzido foi encaminhado para a prefeitura e promotoria de meio ambiente.
Esse levantamento permitiu conseguir mais apoio do poder público local e da Fundação Florestal, a partir de 2010, com a criação das Unidades de Conservação (UCs): Monumento Natural (MONA) Estadual da Pedra Grande e do Parque Estadual Itapetinga.
Entre 2018 e 2019, as primeiras operações de bloqueio de acesso durante o período noturno, em que UC está fechada para visitação, foram realizadas. A partir de 2021, já não houve mais tentativas de subida durante a noite.
Essas medidas foram necessárias para mitigar os problemas que, até então, eram gerados pelo mau uso de parte dos visitantes. Porém, isso não quer dizer que visitações noturnas nunca possam ser realizadas numa UC.
Desde que realizadas de forma ordenada, com consciência ambiental e seguindo os regramentos da UC, é possível aliar lazer, tradições culturais e proteção do patrimônio natural.
Quer saber mais sobre a história do 1º de maio? Então assista à live e confira a conversa entre Chico Leal, Maurício Zanoni e Vinicius De Zorzi, que contam sobre suas relações de afeto com a Serra do Itapetinga.