Até quando continuaremos ateando fogo nas florestas que garantem nossa sobrevivência?

Durante a tarde de quarta-feira (02/10), ao menos 10 focos de incêndio estavam ativos no município de Atibaia, impondo sérios riscos à biodiversidade e à saúde da população

A região de Atibaia, território privilegiado por sua rica biodiversidade e áreas verdes, vem sofrendo com uma série de incêndios florestais alarmantes, provocados por ação humana e intensificados pelos efeitos das mudanças climáticas. Na última quarta-feira (02/10/2024), em poucas horas, a Associação Serra do Itapetinga Movimento pela Biodiversidade e Organização dos Setores Ecológicos (SIMBiOSE) recebeu dezenas de chamados para apoio no combate a incêndios florestais que atingiram, simultaneamente, diversos pontos da cidade e municípios vizinhos.

Em laranja e amarelo, focos de incêndio ativos por volta das 16h de 02/10, identificados por solução de alerta com detecção via satélite (Fonte: Firehub)

Desde a segunda quinzena de agosto, tornaram-se recorrentes incêndios em áreas de mata sem registro de fogo intenso nos últimos anos. Ainda, são inúmeros os relatos de moradores aflitos com as chamas que perduram por dias e ameaçam não apenas suas casas como também a biodiversidade e a saúde de toda população.

Brigadistas florestais da SIMBiOSE, Defesa Civil de Atibaia, Corpo de Bombeiros e Fundação Florestal têm trabalhado intensamente para conter os focos dentro e fora das Unidades de Conservação. Entretanto, fatores como a alta quantidade de ocorrências, intensidade do fogo, baixo efetivo e investimentos insuficientes dificultam o controle dos incêndios. A população de Atibaia e de municípios vizinhos têm procurado a SIMBiOSE em busca de ajuda e arriscado suas vidas na tentativa de proteger residências, florestas e os seres vivos que habitam nelas. 

Incêndio no Parque Estadual do Itapetinga

O aumento da temperatura e os períodos de seca prolongada, provocados pelas mudanças climáticas, criam um cenário propício para a propagação do fogo. Mas é importante ressaltar que os incêndios florestais na região não são provocados por causas naturais, mas por ação humana. Essas ações podem ser intencionais ou não, como as limpezas de terreno e queimas de poda e de lixo que saem do controle. Mesmo que não tenham a intenção de provocar um incêndio, tratam-se de ações criminosas, uma vez que a realização de queimadas no município de Atibaia é proibida (Lei nº 4606 de 11 de julho de 2018).

Esse cenário acende um alerta para a urgência de iniciativas conjuntas e estratégicas para proteger o meio ambiente local, tendo em vista que a complexidade do problema exige soluções integradas que não se restrinjam às ações de combate.

Investimentos em educação ambiental são essenciais para conscientizar a população, frear a destruição das florestas e reduzir os danos ecossistêmicos. Ainda, mais do que nunca, as diversas regiões do Brasil estão se dando conta de que investir e fomentar ações de prevenção deve ser uma das prioridades dos governos. Enquanto isso, os atores envolvidos no combate aos incêndios florestais fazem tudo o que está ao alcance para mitigar os inúmeros prejuízos provocados pelos incêndios.